“A esperança brasileira está órfã”

*Por Heráclito Fortes

 

Infelizmente, a vida nos prega peças. Eu, que achava que a vida me pouparia de novas surpresas, esperava não ter que passar por mais uma, a morte do meu amigo e candidato a presidente, Eduardo Campos.  Estava em viagem para Avelino Lopes, interior do Estado, quando recebo o telefonema do amigo Tito Henrique, filho de dona Cora e Ulysses Guimarães, falando do acidente de avião envolvendo Eduardo. Minha primeira providência foi checar as informações como o tipo de avião e o prefixo. Eliminadas as dúvidas, quis saber quem eram as pessoas que o acompanhavam. Felizmente, sua esposa e seu filho não tinham embarcado. Mas tive um segundo choque ao saber que Pedro Valadares Neto, ex-deputado federal sergipano e meu grande amigo de Congresso, era um dos passageiros. Amigo inseparável de Eduardo Campos, ele atuava na campanha como uma espécie de secretário particular.

 

O Brasil perde uma parte do futuro. Eduardo foi quem melhor fez o dever de casa para esta corrida presidencial. Era quem melhor discutia os problemas brasileiros, conhecia as desigualdades nacionais e, com seus 49 anos, tinha um vigor incomparável para esta disputa que começava. Ele tinha convicção de que seria agora, no período da propaganda eleitoral obrigatória, sua grande chance, porque o seu discurso seria o grande diferencial na corrida presidencial. Determinado e corajoso, Eduardo fez, para surpresa de todo o Brasil, a articulação que tornou Marina Silva sua vice-presidente. Enfrentou incompreensões com a determinação de quem sabia o que estava fazendo.

 

O Brasil, hoje, fica com uma interrogação: E o futuro? Quais serão as consequências dessa lacuna que se abre hoje? Sei que não existe o insubstituível, mas a esperança brasileira está órfã.

 

Heráclito Fortes, é ex-senador da República, filiado ao PSB e amigo de Eduardo Campos

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